domingo, 31 de janeiro de 2010

MEDIUNIDADE E SINTONIA




MEDIUNIDADE E SINTONIA




EMMANUEL




FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER



Alinhando neste livro al­guns apontamentos em torno da me­diunidade, consideramos que não seria correto esquecer o problema da sintonia.


Mediunidade é força mental, talen­to criativo da alma, capacidade de co­municação e de interpretação do espíri­to, ímã no próprio ser.


Sintonia é acordo mútuo.


Eis porque, examinando a mediuni­dade e sabendo que a sintonia se lhe faz inerente, se possível ousaríamos per­guntar:


Sintonia para que e com quem?



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Parafraseando o antigo provérbio “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”, concluiremos que basta a pes­soa explicar onde repetidamente está para sabermos que objetivos ela procura e basta notarmos com quem anda para que saibamos com quem essa mesma pessoa deseja se parecer.



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Através do exposto, reconheceremos que todo aquele coração que palpita e trabalha no campo dos ensinamentos de Jesus, a Jesus se assemelhará.



EMMANUEL - Uberaba, 02 de janeiro de 1986

ÁRVORES HUMANAS


1 - Árvores Humanas


O texto evangélico, ante a luz da Doutrina Espírita, não se refere aos mé­diuns categorizando-os por fachos ou estrelas, anjos ou santos.



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Com muita propriedade, reporta-se a eles como sendo árvores frutíferas.



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E sabemos, à saciedade, que as árvores produzem segundo a própria espé­cie.



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Não vivem sem irrigação e sem adu­bo; entretanto, o excesso de uma e outro pode perdê-las.



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Em verdade, não prescindem do cuidado e do carinho de cultivadores atentos; contudo, se obrigam a tolerar vento e chuva, canícula e tempestade.



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São abençoadas por ninhos e melo­dias de pássaros amigos; todavia, supor­tam pragas que por vezes lhes carco­mem as orças e pancadas de criaturas ir­responsáveis que lhes furtam lascas e flo­res.





Registram a gratidão das almas boas que lhes recolhem o favor e a utilidade, mas agüentam o assalto de quantos lhes tomam a golpes de violência ramos e frutos.



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E, conquanto estimáveis aos pomi­cultores, que lhes garantem a existência, são submetidas por eles mesmos à poda criteriosa e providencial, com vistas ao rendimento e melhoria da produção.



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Assim também são os médiuns da Terra, postos no solo da experiência para a extensão do bem de todos. E anote­mos que, semelhantes às árvores precio­sas, todos eles, por muito dignos, como sucede a qualquer criatura humana, se elevam em pensamento no rumo do Céu, conservando, porém, os próprios pés nas dificuldades e deficiências do chão.

FENÔMENO E DOUTRINA


2 - Fenômeno e Doutrina



Até hoje, os fenômenos mediú­nicos que se desdobraram à margem do apostolado do Cristo se definem como sendo um conjunto de teses discutíveis, mas os ensinamentos e atitudes do Mes­tre constituem o maciço de luz inatacá­vel do Evangelho, amparando os ho­mens e orientando-lhes o caminho.



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Existe quem recorra à idéia da fraude piedosa para justificar a transforma­ção da água em vinho, nas bodas de Caná.


Ninguém vacila, porém, quanto à grandeza moral de Jesus, ao traçar os mais avançados conceitos de amor ao próximo, ajustando teoria e prática, com absoluto esquecimento de si mes­mo em benefício dos outros, num meio em que o espírito de conquista legitima­va os piores desvarios da multidão.



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Invoca-se a psicoterapia para basear a cura do cego Bartimeu.


Há, todavia, consenso unânime, em todos os lugares, com respeito à visão superior do Mensageiro Divino, que dignificou a solidariedade como nin­guém, proclamando que “o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se fizer o servidor de todos na Terra”, num tempo em que o egoísmo categori­zava o trabalho à conta de extrema de­gradação.



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Fala-se em hipnose para explicar a multiplicação dos pães.


O mundo, no entanto, a uma voz, admira a coragem do Eterno Amigo que se consagrou aos sofredores e aos in­felizes sem qualquer preocupação de posse terrestre, conquanto pudesse esca­lar os pináculos econômicos, numa épo­ca em que, de modo geral, até mesmo os expositores de virtude viviam de ba­jular as personalidades influentes e po­derosas do dia.



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Questiona-se em torno do - reaviva­mento de Lázaro.


Entretanto, não há quem negue respeito incondicional ao Benfeitor Su­blime que revelou suficiente desassom­bro para mostrar que o perdão é alavan­ca de renovação e vida, num quadro so­cial em que o ódio coroado interpretava a humildade por baixeza.



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Debate-se, até agora, o problema


da ressurreição dele próprio.


No entanto, o mundo inteiro reve­rencia o Enviado de Deus, cuja figura renasce, dia a dia, das cinzas do tempo, indicando a bondade e a concórdia, a tolerância e a abnegação por mapas da felicidade real, no centro de cooperado­res que se multiplicam, em todas as na­ções, com a passagem dos séculos.



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Recordemos semelhantes lições na


Doutrina Espírita.


Fenômenos mediúnicos serão sem­pre motivos de experimentação e de es­tudo, tanto favorecendo a convicção, quanto nutrindo a polêmica, mas edu­cação evangélica e exemplo em serviço, definição e atitude, são forças morais irremovíveis da orientação e da lógica, que resistem à dúvida em qualquer parte.

EXAMINA O TEU DESEJO


3 - Examina o teu Desejo



Mediunidade é instru­mento vibrátil e cada criatura consciente pode sintonizá-lo com o objetivo que procura.


Médium, por essa razão, não será somente aquele que se desgasta no intercâmbio entre os vivos da Terra e os vi­vos da Espiritualidade.



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Cada pessoa é instrumento vivo dessa ou daquela realização, segundo o tipo de luta a que se subordina.



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“Acharás o que buscas” - ensina o Evangelho, e podemos acrescentar - “fa­rás o que desejas.


Assim sendo, se te relegas à maledi­cência, em breve te constituirás em veí­culo dos gênios infelizes que se dedicam à injúria e à crueldade.



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Se te deténs na caça ao prazer dos sentidos, cedo te converterás no intér­prete das inteligências magnetizadas pelos vícios de variada expressão.



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Se te confias à pretensa superiorida­de, sob a embriaguez dos valores inte­lectuais mal aplicados, em pouco tempo te farás canal de insensatez e loucura.



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Todavia, se te empenhas na boa vontade para com os semelhantes, imperceptivelmente terás o coração impe­lido pelos mensageiros do Eterno Bem ao serviço que possas desempenhar na construção da felicidade comum.



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Observa o próprio rumo para que não te surjam problemas de compa­nhia.



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Desce à animalidade e encontrarás a extensa multidão daqueles que te acompanham com propósitos escuros, na retaguarda.



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Eleva-te no aperfeiçoamento pró­prio e caminharás de espírito bafejado pelo concurso daqueles pioneiros da evolução que te precederam na jornada de luz, guiando-te as aspirações para as vitórias da alma.



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Examina os teus desejos e vigia os próprios pensamentos, porque onde si­tuares o coração aí a vida te aguardará com as asas do bem ou com as algemas do mal.

INTERCÂMBIO


4 - Intercâmbio



Toda vez que um agrupamento de preces se reúne, observamos sempre rogativas e pensamentos elevados à Es­fera Superior, na expectativa com que se congregam os companheiros encarna­dos, na procura de reconforto.


E respondendo, movimentam-se falanges de servidores, fraternos e amigos, estimulando as obras do bem para a alegria de todos.


São ensinamentos novos que se derramam.


Informações iluminativas que des­cerram sendas edificantes.


Bálsamos para chagas abertas.


Remédios para enfermidades diversas.


Auxílios que se estendem à vida


mental coletiva.


Bênçãos de consolação que refazem a esperança.


Socorro espiritual às dores comuns. Amparo indistinto por resposta


abençoada do Céu às perguntas aflitivas da Terra.



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Não nos esqueçamos, porém, de que o movimento é de intercâmbio. Se o homem recebe o concurso dos


Espíritos Benfeitores, é natural que os Espíritos Benfeitores algo esperem igualmente do homem.


Nada existe sem permuta ou sem resultado.


O lavrador planta as sementes e re­colherá os frutos.


O lapidário auxilia a pedra, que lhe retribui, mais tarde, com a sua beleza e. brilho.


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O idealista sofre a tortura do sonho, para contemplar, algum dia, o prêmio da realização.



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E nós, que tanto temos recebido de Jesus, que oferecemos em troca?


Que cedemos de nós mesmos, em honra do amor, pelos benefícios com que o Senhor nos ampara e levanta?


Não alimentemos qualquer dúvi­da.


A mensagem divina pede a resposta humana.



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O anjo cede.


O homem pode contribuir.


No grande campo da sementeira evangélica que a Doutrina Espírita nos descortina, há muitos recursos do Alto, disseminando consolações e conhecimentos no mundo. Todavia, não olvidemos que há muito trabalho à nossa espera.



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Não nos esqueçamos.


O apostolado da redenção é da Espiritualidade Superior; mas é também formado de serviço, fraternidade e colaboração na Terra.


O progresso universal, em todos os tempos, é obra de intercâmbio.

MEDIUNIDADE


5 - Mediunidade



Mediunidade sem exercicio no bem, é semelhante ao título pro­fissional sem a função que lhe corres­ponde.



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A medicina é venerável em suas fi­nalidades, mas se o médico abomina os doentes, não lhe vale o ingresso no apos­tolado da cura.



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A lavoura é serviço que assegura à comunidade o pão de cada dia, contu­do, se o homem do campo odeia o ara­do, preferindo acomodar-se com a inér­cia, debalde a gleba em suas mãos recolherá o apoio do sol e a bênção da chuva.



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Mediunidade não é pretexto para situar-se a criatura no fenômeno exterior ou no êxtase inútil, à maneira da criança atordoada no deslumbramento da festa vulgar.



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É, acima de tudo, caminho de ár­duo trabalho em que o espírito, chama­do a servi-la, precisa consagrar o melhor das próprias forças para colaborar no de­senvolvimento do bem.



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O médium, por isso, será vigilante cultor do progresso, assistindo-lhe a obrigação de aprimorar-se incessantemente para refletir com mais segurança a palavra ou o alvitre, o pensamento ou a sugestão da Vida Maior.



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Nesse sentido, sabendo que a expe­riência humana é vasta colméia de luta na qual enxameiam desencarnados de toda sorte, urge saiba ajustar-se à com­panhia de ordem superior, buscando no convívio de Espíritos Benevolentes e Sá­bios o clima ideal para a missão que lhe compete cumprir, significando isso dis­ciplina constante no estudo nobre e ação incansável na beneficência em favor dos outros.



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Essa é a única senda de acesso à vida mais alta, através da qual, auxiliando sem a preocupação de ser auxiliado, ser­vindo sem exigência e distribuindo, sem retribuição, os talentos que recebe, po­derá o medianeiro honrar efetivamente a mediunidade, por ela espalhando os frutos de Paz e Amor que lhe repontam da vida, em marcha gradativa para a Grande Luz.

MÉDIUNS


6 - Médiuns



Não procures o médium dos Es­píritos Benfeitores, qual se fosses de­frontado por um ser sobrenatural.



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Quem se empenha a semelhante adoração, copia a atitude dos compa­nheiros de Moisés, quando se devota­vam aos ídolos inativos, com a diferença de que a nossa fantasiosa adoração estaria centralizada em torno de um ídolo animado e naturalmente falível.



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O médium é um companheiro.


É um trabalhador.


É um amigo.


E é sobretudo nosso irmão, com di­ficuldades e problemas análogos àque­les que assediam a mente de qualquer espírito encarnado.



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O nosso objetivo é buscar a luz do Espírito, que flui da lição que se derra­ma da Vida Maior, e não o garimpo de fenômenos superficiais, que brilham quais foguetes de artificio, impressio­nando a imaginação sem proveito real para ninguém.



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Lembremo-nos de que nós outros, os aprendizes do Evangelho, estamos em torno do Médium de Deus, que éJesus, há quase dois mil anos, não mais qual Tomé, sondando-lhe as chagas, mas na posição de discípulos redivivos, que procuram e encontram, não a figu­ração material do Senhor, mas a sua pa­lavra de vida eterna, estruturada no es­pírito imperecível em que se lhe grava­ram os ensinamentos imortais.

NA SENDA RENOVADORA


7 - Na Senda Renovadora



Não alegues a suposta ingratidão dos outros para desertar da Seara do bem.



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Na engrenagem da vida, cada qual de nós é peça importante com funções específicas.



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Considera o poder de auxiliar que te foi concedido.



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Ninguém recebe o conhecimento superior tão-só para o proveito próprio.



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Saibamos dividir o tesouro da com­preensão em parcelas de bondade.



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Recorda que te apóias no concurso de muitos corações que te escoraram, um dia, no recinto doméstico, sem aguardar o brilho de qualquer premia­ção.



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Revisa as sendas trilhadas e redesco­brirás na base da tua riqueza de espírito um amigo anônimo encanecido entre a dificuldade e abnegação, ou a assistên­cia de um companheiro que muitas ve­zes te haverá desculpado as fraquezas e as incompreensões, a fim de que amadurecesses no entendimento da vida.



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Reflete nisso e concluirás que Deus jamais te falhou no instante preciso.


Reconhecerás que essa mesma Divi­na Providência que te resguardou pelo devotamento de braços alheios, espera agora sejas a proteção dos nossos irmãos mais fracos.



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Não sonegarás benevolência onde repontem agravos.



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Lembrar-te-ás da Infinita Bondade do Criador, que improvisa o oásis na ari­dez do deserto tanto quanto cultiva o jardim na amargura do pântano, e ama­rás sempre, aprendendo a distribuir os talentos de tuas aquisições espirituais.



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Ninguém consegue adivinhar os prodígios do amor que nascerão de um simples gesto de bondade perante um coração que as circunstâncias menos feli­zes relegaram por muito tempo à secu­ra, tanto quanto ninguém pode prever a alegria dos frutos que virão de uma simples semente nobre, lançada ao solo por muito tempo largado à negligência.



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Seja qual for o contratempo que se te erija em obstáculo na estrada apercor­rer, age para o bem.



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Ambientando a fé no próprio íntimo, alterou-se-te a paisagem no dia-a­dia.


Faze dela instrumento de trabalho e lâmpada acesa no caminho.



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Quando assinalaste a verdade que te ilumina o espírito, tiveste o coração automaticamente induzido a integrar a legião dos companheiros do Cristo, e diante do Cristo nenhum de nós pode­rá esquecer-lhe a inesquecível convoca­ção: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

UNIDOS SEMPRE


8 - Unidos Sempre



Companheiros!


Estamos engajados na construção espiritual da Era Nova.



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Convençamo-nos, porém, de que o trabalho é muito mais amplo na intimi­dade de nós mesmos, do que no plano externo da ação a desenvolver.



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Educar-nos para educar.


Ensinar, a fim de que aprendamos.


Auxiliar para sermos auxiliados.


Honrar a cultura da inteligência com o burilamento do coração.



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A obra é de todos. Cada qual de nós, entretanto, está situado em tarefa diferente.



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Imperioso estudar, de modo a co­nhecer-nos, e conhecer-nos para identifi­car o que se nos faz necessário.



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Ninguém dispõe da luz que não acendeu em si mesmo, no entanto, ne­nhum de nós está desvalido de recursos, a fim de se iluminar.



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Aceitar-nos tais quais somos, de


maneira a servirmos com a realidade que nos é própria e aceitar os outros na condição que os assinala.



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Reconhecer que não nos encontra­mos num torneio de triunfos angélicos e sim numa concorrência benéfica, à pro­cura de conquistas humanas.



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Sejamos hoje melhores do que ontem.­



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Não nos detenhamos na impossibi­lidade de oferecer prodígios de grande­za de um instante para outro, mas não busquemos interromper a empreitada de redenção e de amor a que nos empe­nhamos.



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Nunca desconsiderar a ninguém.



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Observar que os outros, perante Deus, são portadores de mensagem de­terminada, qual sucede a nós mesmos.



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Se caímos pelo fascínio da ilusão, é imperioso reerguer-nos, voluntaria­mente, tão depressa quanto se nos faça possível, com os valores da experiência.



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Saber que tentação é sinônimo de passado.



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“Aqui” e “agora” são posições de espaço e tempo em que a Divina Provi­dência nos permite plantar e replantar o futuro e o destino.



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Ante a dificuldade — servir.


Diante da incompreensão — servir mais.


Do trabalho nasce a luz para o cami­nho.


Da caridade surge a solução essen­cial para todos os problemas.



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Oração e atividade.


Crer e construir.



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Entender que nos achamos convi­dados pelo Cristo de Deus, através de Allan Kardec, para compreender auxil­iando e renovar amando e iluminando, instruindo e abençoando na edificação do Mundo Novo.



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Somos livres por dentro de nós, na escolha de decisões e diretrizes; servos da disciplina, no campo exterior de nossas realizações, sustentando a segurança que devemos à harmonia do próximo; lidadores do bem comum, através de obrigações formadas em estruturas di­versas para cada um de nós; e cultivado­res da Verdade sob o compromisso de melhorar-nos em serviço constante.


E acima de tudo, unidos sempre.


Assim venceremos.

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Fundado em 02/12/1962, o Nosso Lar é uma Instituição que atende crianças e adolescentes de ambos os sexos, sem distinção de raça e religião, dando completo atendimento em alimentação, educação, lazer, saúde e inicialização a profissionalização. Para tanto utiliza os recursos e serviços disponíveis na comunidade e desenvolve diversos projetos que completam seus objetivos. Possui uma Diretoria Executiva composta por seis membros, e um Conselho Deliberativo composto por nove membros e três suplentes. Sendo que esta Diretoria é auxiliada por comissões subdivididas em diversas áreas de trabalho que a Instituição executa.